segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O silêncio

Um dia parti...
com destino e totalmente sem rumo.
Dias de silêncio, dias muito barulhentos.
Sem vozes, sem alarmes, sem motor, sem televisão...
Lá só tinham pássaros a voar e cantarolar, o vento, o sino...
Não havia imagens congeladas, as imagens passeavam sobre o meu olhar
Borboletas, teias, flores, sol, lua, montanhas, e de longe, bem de longe, passavam aviões
Aviões me faziam lembrar de uma vida inteira a me esperar, no lar...

Do lado de fora a beleza natural da vida, o barulho natural do mundo...
Do lado de dentro, tormento, medo, tristeza, incertezas, saudade...
Do lado de fora o fluxo perfeito da vida, o silencio do universo a se movimentar
Do lado de dentro o fluxo perfeito da vida, o silencio do universo a se movimentar

Lá, onde eu pude me calar, e então me escutar...
Escutar meus piores pensamentos, minhas mais ternas lembranças
Escutar meus medos e dores
Lá, onde eu pude escutar meu coração...

Os segundos iam passando, os minutos transformavam-se em horas, e de repente,
passaram-se dias...
Dias de silêncio, dias de barulho, dias de dor e de amor
Dias de cura, limpeza, entrega e confiança...

Passaram-se dias, dias de uma história de amor eterno com meu próprio ser
Dias que transformaram pra sempre minha existência
Dias de despertar, perdoar, amar...

O silêncio me trouxe de volta
Agora mais forte como a árvore que nenhum vento é capaz de derrubar
Iluminada como o sol que raia
Cheia como a lua que clareia
Leve como a brisa que sopra
Bela como a flor laranja...
Una, inteira, pertencente a essência pura e eterna da vida...
Alguns chamam de Deus,
mas pode chamar também de silêncio...


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